Música sem intenção política
Rogério Charraz estreia-se com "canções políticas"
por LusaOntem
O álbum de estreia de Rogério Charraz, "A Chave", que é editado na segunda-feira, é constituído por "canções políticas sem intenção política", disse o músico à Lusa.
"A minha intenção não é fazer política com a música, mas não nos podemos alhear da política porque tudo é política, mesmo que não estejamos dentro do jogo político", declarou Charraz para esclarecer em seguida: "A minha música tem um olhar atento sobre a atualidade, mas não é política".
"Não se pode falar só do lado risonho da vida, do amor, da amizade e das relações humanas, nas canções temos também de falar das questões sociais, daquilo que são os nossos problemas, daquilo que nos atormenta, as dificuldades que enfrentamos, e são de agora já de há dois ou três anos a esta parte", defendeu.
Na música "há muitos anos", como afirmou à Lusa, Rogério Charraz definiu-se como um "cantautor" na medida em que canta e toca canções que escreveu e compôs.
"Conotam, em Portugal, os cantautores com os cantores de intervenção mas eu acho que acima de tudo é aquele que canta e toca as suas composições, mas não renego de modo nenhum tudo o que vem de trás, toda aquela geração do Adriano [Correia de Oliveira], Zeca [Afonso], José Mário Branco", disse.
" Lusa, Charraz reconheceu que o álbum "tem muito visíveis as suas referências musicais" e a partir destas e como as trabalha, os caminhos que pretende seguir, e "neste sentido é um dsico muito honesto, mas tem personalidade própria".
"A Chave" foi produzido por Alexandre Manaia e pelo próprio Rogério Charraz, numa edição de autor, que "trouxe custos mas uma imensa liberdade criativa".
"A Chave" é constituído por onze canções e conta com três participações especiais, de Ana Laíns, no tema "Gostava de ser diferente", de José Mário Branco em "E contra a dita a gente grita!" e de Rui Veloso em "Blues e Poesia".
O tema que dá título ao álbum "foi escrito já à última da hora, mas acabou por dar o título ao álbum pois a dado passo é cantado 'encontrei enfim o que abriu o amanhã' e há neste disco essa esperança", disse Charraz.
"'A Chave' é uma canção simbólica como o objeto chave em si que sendo pequenino abre portas enormes", rematou.
Quanto às participações, José Mário Branco "que traz toda uma qualidade, é uma forma de reconhecer aquela geração de cantautores e pelos arranjos musicais uma homenagem ao Fausto".
A paixão pela voz de Ana Laíns, que nem conhecia antes de gravar, levou à participação da cantora num tema que é, aliás, assinado por uma autora, Sandrina Blanco, musicado por Charraz.
Quanto a "Blues e Poesia" é "um rock blues que é um tributo ao Rui Veloso, e é cara dele, mas também uma homenagem ao letrista Carlos Tê", afirmou.